Como Tom Cruise Pode nos Ensinar a Refinar Nossas Habilidades
Nossas habilidades
Como refinar nossas habilidades
No Limite do Amanhã, no original em Ingles “Edge of Tomorrow”, é um filme de ficção científica estrelado por Tom Cruise.
Lançado no Brasil no dia 29 de maio de 2014, esta obra conta a história do Major William Cage, um relações públicas das Forças Defensivas Unidas (UDF na sigla em Inglês) que é obrigado a ir para a linha de frente quando a Terra está dominada por alienígenas. Inexplicavelmente, ele acaba preso em um ciclo do tempo, revivendo repetidamente sua última batalha.
No entanto, quanto mais vezes ele luta, suas habilidades de guerreiro melhoram e ele fica mais perto de descobrir como derrotar o inimigo.
Este processo vivido pelo personagem de Tom Cruise me remete a experiência marcial que tenho vivido na minha jornada de Vida Kung Fu.
Como estava dizendo hoje quero compartilhar com você o paralelo entre o protagonista do filme No Limite do Amanhã e o que tenho vivido na Vida Kung Fu.
É sobre esta relação entre a ficção e a vida real na construção das nossas habilidades que irei discutir neste nosso encontro na Vida Kung Fu
Filmes que retratam looping temporal já apareceram muito antes de No Limite do Amanhã. De pronto, lembro daquele filme do Dia da Marmota, Groundhog Day no original em Inglês, O Feitiço do Tempo, aqui no Brasil.
No Limite do Amanhã, graças a este looping temporal, Bill Cage desenvolve grande habilidade de combate por que vai aprendendo com os seus erros a cada vez que morre numa batalha e renasce para um novo momento.
Na experiência marcial, temos uma situação similar graças aos dispositivos corporais de combate simbólico.
Mas qual a importância do combate simbólico neste contexto de aprendizagem?
Antes de tudo quero falar o que o combate simbólico não é.
Ele não é uma encenação fantasiosa, ou seja, não é uma luta de mentirinha, como muita gente pensa. Aqui chamo atenção da fala de Lee, interpretado por Bruce Lee, em Operação Dragão, quando compartilha com seu mestre suas reflexões sobre os seus pensamentos ao enfrentar um oponente: “Uma boa luta é como uma pequena peça, mas encenada seriamente.”
O combate simbólico envolve um local e um momento onde se pode experimentar com segurança. Ele está no contexto de uma experiência marcial sistematizada, onde é possível explorar os fatores de monitoramento de performance: posicionamento, timing, distancia e energia. E assim perceber como explorá-los durante a dinâmica com o adversário. É sistematizada porque podemos conectar os componentes do sistema em dois aspectos: de conteúdo e de processo.
Por ser simbólico, este combate travado consigo mesmo através do outro, permite com que conheçamos a nós mesmos e ao mesmo tempo desenvolve a capacidade de avaliar a situação percebida. Esta experiência permite a evolução da nossa capacidade de nos adaptarmos as situações apresentadas sob pressão progressiva, quer seja ela física ou emocional.
Graças ao combate simbólico que podemos estender para a nossa conduta do dia-a-dia, pois, a partir da experiência marcial, que é uma situação de grande densidade emocional, o artista marcial é educado a avaliar cada situação que está vivendo de modo a responder a ela da maneira mais apropriada.
Mas como isso se processa? Muito simples. Por ser simbólico, o “erro” praticado não é fatal. Não sendo fatal é possível aprender com o ato inapropriado e ajustá-lo. Por outro lado, não é tão fácil, já que cada situação é inédita e se você quiser “corrigir” apenas pensando no passado, isso não é possível.
É aqui que a vida real se encontra com a ficção, pois o personagem de Tom Cruise vai se ajustando a cada retorno de tempo até descobrir a maneira mais apropriada de responder a situação que se apresenta a sua frente.
Um detalhe fundamental: assim como no filme, este processo de aprendizagem tem o seu valor não apenas em passar pela experiência, mas sim como cada um de nós a interpreta. Para isso, o tempo de descompressão é muito importante. A cada experiência marcial, a descompressão, através de um break para tomar agua, café, mate ou chá aliado a uma conversa para melhor explorar o que se viveu, tem um papel importante.
E você?
Como que faz para melhor interpretar a experiência que viveu?
Qual é o processo que melhor funciona para você, para a melhoria que está buscando, quer seja no nível da própria luta ou da sua extensão para a vida?