Kung Fu – Quando a morte nos ensina a viver
Kung Fu – Quando a morte nos ensina a viver
Durante o meu processo de Vida Kung Fu com o Patriarca Moy Yat, ele me solicitava das mais diversas maneiras. Desde as coisas simples como levar uma roupa numa lavanderia, como auxiliá-lo na elaboração de um trabalho artístico.
A cada momento era possível ver o direcionamento que ele me dava para as missões que eu recebia. Também pude observar como que monitorava minhas ações e validava algumas afirmações que ele fazia a meu respeito. Afirmações estas que surpreendiam até a mim, pois descobri características minhas que nunca havia percebido.
Mas como ele fazia isso? De onde ele colhia tantas informações para me direcionar daquela maneira? Como ele sabia verificar comportamentos meus, que manifestavam as minhas falhas mais graves, mas muitas vezes imperceptíveis aos olhos de muitas pessoas. A resposta para todas as perguntas que fiz tem duas palavras: experiência marcial.
Hoje compartilharei com você a importância deste tipo de experiência nesta minha jornada na Vida Kung Fu.
O desafio de todo sistema de Kung Fu está na sua capacidade de converter os vínculos gerados a partir de situações de crise em desenvolvimento humano.
No entanto, a sua eficácia consiste em estender para a conduta esta tomada contínua de consciência.
Quando estas situações de crise comovem uma pessoa a estender para a conduta aquilo que se tomou consciência a partir do outro, chamamos de Experiência Mobilizadora.
Uma experiência é mobilizadora quando algo externo faz mover nossas representações e põe em movimento o nosso pensamento, desenvolvendo um significado em nossas vidas.
Todos nós passamos por inúmeras experiências todos os dias. Mas quantas delas são realmente mobilizadoras? Quantas realmente nos fazem pensar. De fato, uma experiencia mobilizadora não quer dizer que ela é necessariamente marcante. Pelo contrário, muitas vezes uma experiência é tão sutil que ela não é percebida num primeiro momento, mas uma simples palavra, um simples gesto, um tom de voz quase imperceptível nos levou a uma reflexão, porque chamou sutilmente nossa atenção.
Muitos sistemas de Kung Fu, como os sistemas de artes marciais, utilizam a experiência de premência de morte para promover as experiências mobilizadoras, pois envolve a atuação de dispositivos corporais de combate simbólico em situação de crise. Ela deve ser única, personalizada, pois o seu efeito varia conforme o momento ocorrido, o local escolhido e as pessoas envolvidas.
Experimentada então ao vivo, a reação proveniente desta relação derruba momentaneamente as barreiras que entorpecem a inteligência estratégica, desenvolvendo a percepção para explorar o potencial inscrito em qualquer situação específica sem petrificar sua fluidez.
Ainda que o risco de vida seja simbólico, nosso cérebro reage, diante da possiblidade de morte, no modo de sobrevivência emergencial. Neste momento, os nossos sentidos ficam mais aguçados e intensificados. Nossa atenção ao todo mais refinada. É o ponto de partida para vermos o mundo de maneira diferenciada.
A experiência marcial propiciada por um sistema de Kung Fu permite que desenvolvamos a capacidade de desenvolver sensibilidade suficiente para agirmos de modo apropriado em cada situação imposta, mesmo que ela seja inédita.
E você?
Como tem sido a experiencia marcial para você?
A experiencia marcial te ajudou a enxergar melhor as oportunidades da vida ou apenas te fez um lutador melhor?
Como que você estende para o dia-a-dia a habilidade que você desenvolveu na sua experiencia marcial?
Deixe os seus comentários e contribua com o que você pensa.