Exterminador do Futuro A Importância da Cultura da Antecipação
Exterminador do Futuro A Importância da Cultura da Antecipação
Em 31 de outubro de 2019 foi lançado no Brasil O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio, sexto filme da franquia O Exterminador do Futuro, The Terminator no original. Iniciada em 1985.
O filme original conta a história de um ciborgue que é enviado do ano de 2029 para o ano de 1984 para matar uma mulher, antes que ela dê a luz à pessoa que iria se tornar o líder da resistência humana contra um sistema de inteligência artificial, que dominaria o mundo nesse futuro.
Mas o que esta história de ficção cientifica tem a ver com a Vida Kung Fu?
Tudo.
Será sobre a relação do futuro com o presente que discutiremos neste nosso encontro na Vida Kung Fu.
Em 1985, tive o prazer de ir a um cinema na Av. São Joao em São Paulo com o meu primeiro mestre de Ving Tsun, Grão-Mestre Li Hon Ki. Fomos assistir ao Exterminador do Futuro, filme estrelado pelo então novato Arnold Schwarzenegger.
Lembro-me que ele comentou no final do filme, que o papel de ciborgue era perfeito para Schwarzenegger, visto que seus então limitados recursos dramáticos não ficariam evidentes ao interpretar uma máquina.
Mestre Kay, o modo como eu chamava o meu primeiro si fu, tinha grande experiência no cinema já que havia trabalhado como ator, diretor e dublê em vários filmes em Hong Kong.
O personagem de Schwarzenegger se situava no ano de 2029. De lá ele foi enviado para o ano de 1984 para matar a grande guerrilheira Sarah Connor. Esta data era importante por que Sarah, nesta época, ainda era uma garçonete e não sabia sobre sua importância para o futuro. Ela seria mãe de John Connor, o grande líder da resistência humana contra a inteligência artificial Cyberdyne.
Esta estória de ficção científica ilustra como o Kung Fu transforma a dificuldade em facilidade, conforme ideia do Prof. Francois Jullien, da Universidade de Paris VII. Este estágio de atuação do praticante de Kung Fu chama-se de prefiguração. É o momento em que o processo ainda não está configurado. No exemplo do filme, a partir do momento em que John Connor nasce e sua mãe Sarah começa a adquirir conhecimentos estratégicos para transmitir ao filho, a configuração já está em andamento.
Por outro lado, a ideia de matar Sarah é atuar na prefiguração, já que isso se daria antes mesmo dela engravidar.
Observe que a inteligência artificial Cyberdyne está atuando dentro da Perspectiva Kung Fu, como diria o Prof. Peimin Ni da Universidade Estadual de Grand Valley em Allandale, Michigan. Neste estágio prefigurado, nada ainda tem forma e, portanto, tudo fica mais fácil de ser trabalhado. Assim, não é necessário fazer força neste momento.
Um praticante de Kung Fu busca atuar sempre no estágio da prefiguração. Assim, ele consegue grande efeito com pequeno esforço.
Para identificar a fase de prefiguração é necessária muita percepção, pois se o processo não está configurado, significa que ele é difícil de ser identificado. Daí a importância de saber reconhecer os indícios significantes, termo apresentado pelo sinólogo francês Jean Levi.
A percepção desses pequenos sinais, que são fundamentais para o sucesso, é cultivada a partir da atenção ao que é comum, ordinário, simples. Coisas do cotidiano. Dai a importância da Vida Kung Fu, um processo de aprendizagem com base na relação convivial entre uma pessoa com esta percepção e um aprendiz.
Um forte abraço e até o nosso próximo encontro na Vida Kung Fu.