Sam Faat – O termo original de Vida Kung Fu
Sam Faat – O Termo Original de Vida Kung Fu
Ainda me lembro de quando perguntei ao Patriarca Moy Yat sobre o termo correspondente em chinês ao processo de transmissão por ele chamado “Kung Fu Life”, em Português “Vida Kung Fu”.
Embora este episódio tenha ocorrido no verão de 1989, até hoje tenho o guardanapo de papel em que ele escreveu os caracteres sam e faat. Estávamos num restaurante ao lado da sede internacional da Moy Yat Ving Tsun Special Student Association. Era horário de almoço.
Aquele momento foi fundamental para que eu valorizasse mais toda a minha experiência posterior. Isso porque o que me foi possibilitado aprender naquele dia não insistiu em penetrar na minha mente, mas esperou para ser acolhido pelo meu coração ao longo dos anos que vieram.
É a reflexão sobre este acolhimento que quero aprofundar com você nesta minha jornada na Vida Kung Fu.
O pensamento do Patriarca Moy Yat parece ressonar com o do grande pensador neoconfucionista Cheng Yi, quando, em sua curta introdução ao Clássico Jung Yung, enfatizou que o livro é “o Sam Faat da Escola Confuciana que em cantonês chamamos de Hung Mun Sam Faat. Ele completa dizendo que “aqueles que são bons em lê-lo, obterão algo de sua leitura e reflexão cuidadosa, e se beneficiarão dela para o resto de suas vidas”.
O Professor Peimin Ni interpreta que a palavra Sam Faat revela claramente que a preocupação central do livro mencionado é oferecer a seus leitores um caminho para ajustar seus corações-mentes, ou seja, uma metodologia ou Kung Fu do coração-mente.
Observe que não há separação no Chinês do emocional com o racional. Daí a opção de traduzir “sam” como coração-mente.
Ele reforça sua tese mencionando a tradição de Mencio, que advém da tradição do Jung Yung, e é o que faz o Kung Fu Confuciano único: o cultivo do coração-mente, ou seja, do “sam”.
Quando o Mestre Julio Camacho e o Mestre Felipe Soares entrevistaram o Professor François Jullien, o sinólogo disse que Sam Faat é o modo intuitivo de transmitir de uma mente para outra. É muito importante que a pessoa não conceitue para não gerar um bloqueio. Neste sentido, o Sam Faat se une ao Kung Fu.
Ele completou sua reflexão dizendo que um sistema pode fornecer uma referência, mas não tem em si mesmo um sentido. É preciso ter a capacidade de saber como analisar sua listagem. E isso só é possível via o Sam Faat.
Para o Professor Jullien, o Sam Faat é algo que não se pode explicitar totalmente. Os chineses têm uma certa evidência dessa idéia, mas não refletiram ainda suficientemente no sentido da noção. Acham-se alusões. É sempre citado, mas jamais explicitado. Talvez seja porque os sábios chineses entendam que o Sam Faat deva ser vivido e não discutido.
E você? Já tinha conhecimento que a Vida Kung Fu era muito anterior ao Sistema Ving Tsun e portanto não é uma exclusividade deste sistema?
Como você acha que seria a melhor maneira de abordar o Sam Faat, ou seja, a Vida Kung Fu?
Qual a validade de uma metodologia sem método como é o Sam Faat para você?
Deixe nos comentários.
Meu nome é Leo Imamura e quero continuar compartilhando com você a minha jornada na Vida Kung Fu. Até o nosso próximo encontro.