O Artista Marcial

Círculo de Ferro foi o título final de um projeto de Bruce Lee com seus alunos James Coburn e Stirling Silliphant, chamado de A Flauta Silenciosa. Silent Flute no original em Inglês.

Lançado nos EUA em 25 de julho de 1978, esta produção contem varias passagens importantes para discutirmos sob a Perspectiva Kung Fu.

É sobre uma delas, quando o personagem principal Cord enfrenta a Morte, que iremos discutir neste nosso encontro na Vida Kung Fu.

O roteiro inicial da Flauta Silenciosa foi finalizado pelo canadense Stanley Mann. A despeito das mudanças inerentes ao processo criativo, a parte que discutiremos não sofreu significativa mudança entre as linhas escritas por Bruce Lee e o resultado final.

Talvez possamos dizer que é a aceitação de bom grado da morte que caracteriza o artista marcial, alguém que expressa sua criatividade mediante a premissa de morte.

O filme Círculo de Ferro conta a história de Cord, papel de Jeff Cooper, um artista marcial que vai em busca do direito de lutar com Zetan, interpretado por Christopher Lee, um famoso mago que possui um livro especial de iluminação que supostamente contém toda sabedoria do mundo.

Em sua jornada, enfrenta vários adversários, dentre eles a morte, que seria interpretado pelo próprio Bruce Lee.

A fala original de Cord, escrita por Lee, tem alguns aspectos bem interessantes para a perspectiva kung fu. Vamos a ela:

“Claro que você está aí. A Morte sempre está aí. O que você pode tirar de mim que já não é seu? Tudo que tenho feito até agora, tem sido inútil e não levou a nada. Não há outro caminho exceto aquele que não leva a nada – e diante de mim agora há somente um fato real – morte, A verdade que eu vinha buscando, esta verdade é a morte Contudo a morte também é buscadora. Está sempre a minha procura. Assim finalmente nos encontramos. E estou preparado Estou em paz Por que conquistarei a morte com a morte. Já na versão final, a fala de Cord tornou-se mais simples Você está só? Você é a morte não é? Estou preparado Estou te esperando. Você tem aspecto diferente para cada homem. Você pensa que o Medo vai vencer minha mente. Mas pode vir quando quiser, pois será bem-vinda.”

O que fica evidente nestas falas, é que o artista marcial não só não teme a morte, como também dá boas vindas quando ela vier. De fato, ela esta sempre presente. E só toma o que é dela. Contudo é o medo dos homens faz com que a morte tenha diferentes faces. E quando isso acontece a verdade de cada um de nós, deixa de aflorar.