Sua Jornada na Vida Kung Fu
O Patriarca Moy Yat relacionava o Kung Fu com a própria vida. Daí o surgimento do termo “Vida Kung Fu (Kung Fu Life)”, hoje mundialmente conhecido como a grande característica do seu legado.
Essa associação de Kung Fu com a vida, propagada no Século XX, desde sua chegada aos Estados Unidos em 1973, remonta o período da Dinastia Sung (960-1279), quando o termo Kung Fu começou a ser empregado por neoconfucianistas, taoistas e budistas como a arte de viver a vida em geral. Todos eles falavam de seus ensinamentos como diferentes escolas de Kung Fu.
O que parece inusitado, no fundo, é até óbvio. Muitos estudiosos constataram que a orientação predominante do pensamento clássico chinês era a preocupação sobre como viver a vida, de modo que a questão central poderia ser resumida em “como devemos viver nossas vidas?”.
Por isso, podemos dizer que o Kung Fu pode representar as várias artes e instruções sobre como cultivar a pessoa e a sua conduta de vida.
Prof. Peimin Ni chama de inspiração Kung Fu, o famoso questionamento feito por Jong Ji (Zhuangzi), no século 4 a.C.: “era ele que sonhara ser uma borboleta ou era uma borboleta sonhava ser ele?”. Para o Dr. Ni, esse grande pensador chinês chegou à conclusão de que tinha percebido “a transformação das coisas”, indicando que as pessoas deveriam seguir suas vidas através dessas transformações, ao invés de tentar em vão buscar o que é “real”.
Ao encerrar seu artigo “Kung Fu for Philosophers” (que poderia perfeitamente ter o título “Kung Fu Life”), Professor Ni relaciona a obra “Philosophy as a Way of Life” (1995) do filósofo francês Pierre Hadot (1922-2010) com a Abordagem Kung Fu:
Se a Filosofia é “um caminho de vida”, como Pierre Hadot coloca, a Abordagem Kung Fu sugere que tomemos a filosofia como a busca da arte de viver bem e não apenas como uma forma estritamente definida de modo de vida racional.
O Patriarca Moy Yat será lembrado por todos os seus descendentes como o grande propagador da noção de Vida Kung Fu no Ocidente, mas as linhas abaixo podem esclarecer sua insistência em dizer que ele apenas seguia a mesma metodologia de seu mentor, o Patriarca Ip Man. No dia 10 de setembro de 2000 em sua última palestra formal, ele reafirmou:
“Deixe-me dizer o que distingue a Moy Yat Ving Tsun. Eu ensino as mesmas técnicas e as mesmas formas. Mas o modo que eu ensino é diferente, por que eu uso o método de Ip Man para ensinar. Moy Yat Ving Tsun não é para luta. Isso não quer dizer que não pode ser usado numa luta. Ao contrário do que muitos pensam, o melhor lutador não é o que tem melhor habilidade, mas sim aquele que tem melhor comportamento e boas maneiras. Meu kung fu existe para melhorar sua vida.”
A última palestra de Grão-Mestre Moy Yat, realizada no antigo Núcleo Jacarepaguá (hoje Núcleo RJ Barra) da Moy Yat Ving Tsun. Na ocasião, ele discorreu sobre os elementos distintivos da Moy Yat Ving Tsun e como eles foram constituídos (SETEMBRO/2000).
O Patriarca Moy Yat pode ser considerado o maior propagador do que chamamos de Vida Kung Fu no Ocidente. Ele dizia que se alguém o perguntasse o que é Kung Fu, responderia que Kung Fu é vida. Mas vida pode ser tudo. Ele costumava dizer que Vida Kung Fu é a vida que tem o Kung Fu inserido nela. Para encontrar uma vida assim, você precisa encontrar uma pessoa a qual estivesse vivendo no campo do Kung Fu por tempo suficiente para que sua vida tenha essa perspectiva.
Será com Grão-Mestre Leo Imamura, discípulo direto do Patriarca Moy Yat que você iniciará sua jornada na Vida Kung Fu.